Umbanda e suas Ramificações

Sincretismo
Os negros nas senzalas cantavam e dançavam em louvor aos Orixás, entretando seus senhores não gostavam, e tentavam convertê-los a fé cristã. Aqueles que não se convertiam eram cruelmente castigados. Foi então que nasceu o sincretismo em que os negros africanos associaram os Orixás aos santos católicos de seus senhores. Embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os santos católicos, na verdade estavam cultuando seus amados Orixás.

Os Fundamentos
Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa resalva e cuidado, generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:
- A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum ou Zamby; - A fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
- O culto aos Orixás como manifestações divinas, em que cada Orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
- A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "cavalos";
- O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas;
- Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que exite para nortear os trabalhos de cada terreiro;
- A crença na imortalidade da alma;
- A Crença na reencarnação e nas leis cármicas (adaptadas a realidade Umbandista, que é diferente do Espiritismo);

Um Deus único e superior
Zâmbi, Olorum ou simplesmente Deus - Em sua benevolência e em sua força emanada através dos Orixás e dos Guias, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e social. Infelizmente deve-se aos limites da linguagem humana a falta de precisão em conceituar o que seria Deus. Isto por que uma das características da Divindade Suprema é ser Infinito, sem medidas, o que remete apenas conhecer parcialmente sua “Natureza”.
Mormente cabe ao homem a aventura de tentar decifrar a “Divindade”, pela fé, pelo amor e pela razão e é sobre esta Grande Aventura Humana é que pretendemos falar.

Os Orixás
Os Orixás não são deuses como muitas pessoas podem conceber, assim como em outras religiões, mas sim divindades criadas por um único Deus: Olorun (dentro da corrente Nagô) ou Zambi (dentro da corrente Bantu).
Uma interpretação mais objetiva coloca os Orixás como manifestações de diferentes arquétipos universais, que seriam uma síntese de leis e princípios cósmicos e naturais, que representariam as diferentes manifestações da forças naturais expressos na forma de símbolos. Cada pessoa está ligada a um desses arquétipos (Orixás) e sua evolução deve seguir os padrões dessa síntese simbólica a qual a pessoa está relacionada.

Na Umbanda Esotérica e Iniciática temos a seguinte interpretação:
Os Orixás são vibrações de Deus, vem Dele, mas não são Ele, são princípios irradiados da Suprema Inteligência, regem a Criação e a Evolução em todo

Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Oxum, Iansã, Iemanjá, Obaluaiê, Nanã.

Referências
Africanas, Indígenas, Européias e Indianas. A Umbanda é uma junção de elementos Africanos (Orixás e culto aos antepassados), Indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Brancos (o europeu que trouxe seus Santos e a doutrina cristã que foram sincretizados pelos Negros Africanos) e de uma doutrina Indiana de reencarnação, Kharma e Dharma, associada a concepção de espírito empregada nas três Raças que se fundiram (Negro, Branco e Índio).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, a natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião.
A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".

O culto umbandista
A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização de suas giras, sessões.
O chefe do culto no Centro é o Sacerdote (a Bá, ou Iyalorixá, ou a Diretora de culto, ou Mestra, ou a Mãe de Santo - para o Sacerdote feminino; ou o Babá, Babalorixá, os Diretor de culto, o Mestre, ou o Pai de Santo - para o Sacerdote masculino) que é quem coordena as sessões/giras e que irá incorporar o guia chefe que comandará a espiritualidade e a materialidade do local dos trabalhos. Normalmente esse guia, que comanda, é um Preto-Velho ou Caboclo (varia de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária).
Os templos onde os "comandantes" são Pretos-velhos seguem a corrente africana e os que têm os Caboclos como "comandantes" seguem a linha indígena. Mas, isso não é regra e pode variar de templo para templo.

As pessoas que recebem, incorporam entidades dentro dos terreiros, são ditos médiuns, aparelhos, cavalos ou "burros". Pessoas que têm o Dom de incorporar os Orixás e Guias.
Segundo a umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser divididas entre:
Falangeiros de Orixás: Xangô, Ogum, Oxum, Nanã, Iemanjá, Iansã, Obaluaê, Oxumaré, entre outros.
Guias: Pretos-Velhos, Caboclos, Boiadeiros, Crianças, Exus, Marinheiros e Orientais.
Kiumbas, espíritos sem luz: esses, normalmente, são incorporados quando se está fazendo algum descarrego ou quando existe algum obsediado no local.

As sessões
O culto nos terreiros é dividido em sessões, normalmente de desenvolvimento e de consulta, e essas, são sub-divididas em giras.
Os dias da semana que acontecem as sessões variam de Centro para Centro.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, caboclos ou os chamados "povo de rua" (exu e pombo gira), as pessoas conversam com as entidades afim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, desobsessões e para resolver problemas espirituais diversos. As ocorrências mais comuns nestas sessões são o "passe" e o descarrego. No passe, a entidade reza a pessoa energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar. O "descarrego" é feito com o auxílio de um médium, o qual irá incorporar o obsessor, seu proprio Capangueiro (Exu) ou captar a energia negativa da pessoa. Então a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para a luz ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus para auxiliar a desobsessão.
Ocorrem as giras de Caboclos, Boiadeiros, Orixás, Marinheiros, Malandros, Pretos-Velhos, Crianças e Exus. Nessas giras são feitos os desenvolvimentos dos médiuns do terreiro. Nelas, são cantados os pontos e tocados os atabaques (Dependendo da Casa). As giras de Marinheiros, Malandros e Exus são festivas e, além de serem feitos os desenvolvimentos dos médiuns, são realizadas consultas com esses guias. Existem terreiros onde, além dos Pretos-Velhos, Marinheiros, Malandros e Exus, também os Caboclos e Boiadeiros dão consultas e trabalham com o descarrego e a desobsessão.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária. Normalmente são feitos as segundas-feiras e nas sextas-feiras; não sendo este parâmetro contado como regra.

Médiuns
Médium é toda pessoa que, segundo a Umbanda, têm a qualidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela audição (ouvir) ou pela pscicografia (escrever movido pelos espíritos).
A Umbanda crê que o médium tem a responsabilidade e o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os guias e Orixás, ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia e não apenas no terreiro.
A mediunidade não deve ser vista ou vivenciada como um dom ou poder maior concedido ao médium , e sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou um forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.
Existem médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado, e se envaidecem agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como um mensageiro de Deus, dos Orixás e Guias. Ter um comportamento moral e profissional dígnos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estão na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria a regido através de um profundo estudo da religião e seguido pelo conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério suas missões e ter muito amor e dar valor ao que fazem, ter sempre boa vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida do dia-a-dia.
O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus Orixás e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Sobre o estudo da mediunidade e do médium, pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo, no ítem "Literatura Umbandista".
Alguns terreiros utilizam-se das obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec), porém, existe hoje vasta literatura específica sobre Umbanda. As objeções ao uso dos livros doutrinários Espíritas é que embora sejam ambas as religiões de cunho mediúnico, existe grande divergência conceitual e doutrinário entre elas. Basta para isso, exemplificar a função e o trabalho dos Exus e Pomba-giras que, segundo a doutrina Espírita, estariam classificados como obsessores.

Polêmicas dentro das umbandas
Umbanda e Umbandas, os donos da verdade
Infelizmente todas as religiões têm divergências. Sejam de origem inter-religiosa (umas com as outras) ou intrarreligiosas (divergências internas dentro da mesma religião ou de um conjunto religiosa).
Na Religião de Umbanda não é diferente. Existem diversas divergências, principalmente nas questões doutrinárias em que algumas vertentes tentam se apropriar da Umbanda fazendo ver que sua visão ou sua forma doutrinária é a Umbanda como um todo. Não se conformam que sua prática seja mais uma dentre tantas outras existentes. Elas querem impor sua visão, sua doutrina, suas práticas às outras formas de Umbanda.
Em decorrência do que foi exposto acima, podemos notar em várias publicações, sejam em livros ou mesmo em sites na Internet, a negação e a discriminação que existe. Afirmações de que isso é Umbanda e de que aquilo não é Umbanda, ligada a forma de culto, ritos, utilização de elementos, como: se a casa usa atabaques, isso não é Umbanda; se a casa pratica rituais de sacrifício animal, isso não é Umbanda; se a casa trabalha no culto aos Orixás e na sua incorporação, isso não é Umbanda; se a casa trabalha com Exus e Pomba-giras, isso não é Umbanda etc.
Como podemos ver existem várias polêmicas, mas todas são fruto de manifestações de grande falta de respeito e ignorância a respeito das diversas formas de Umbanda que existem. Discriminar essa ou aquela forma só porque a mesma é diferente da nossa, ou porque ela utiliza esse ou aquele ritual ou elemento, é discriminação, pois quem garante que aquilo que praticamos como Umbanda é ou não é Umbanda?
A grande realidade é que cada forma é rica em si mesma, e o respeito deve ser algo que deveria estar presente na mente de cada Umbandista, independente de sua doutrina, seus ritos, suas práticas.
Se os umbandistas começarem a se respeitar e passar por cima dos precenceitos internos existentes, se começarem a ver o outro como a si mesmos e o entenderem (uso da alteridade), poderemos um dia chegar a um patamar de união e de respeito mútuo. Fortalecendo cada vez mais a religião de Umbanda como um todo: união na diversidade, o respeito às diferenças.

Sacrifício Ritual de animais
Existem várias ramificações dentro da Religião de Umbanda.
Algumas ramificações ou vertentes não fazem Sacrifício Ritual de Animais, porém, outras vertentes têm essa prática (normalmente as de cunho africanista). O próprio Cabloco das Sete Encruzilhadas (de Zélio Fernandino de Moraes), segundo reportagem publicada na Revista Espiritual de Umbanda feita com as filhas de Zélio, relatam que uma vez por ano era sacrificado um porco para o Orixá Ogum. Dessa forma, podemos notar que o Sacrifício Ritual de animais é uma prática normal dentro de vários terreiros de Umbanda, variando ou não existindo de acordo com a orientação de cada casa.
Cada cultura religiosa dentro da Umbanda têm seus fundamentos e o Sacrifício Ritual Animal é um deles, embora não seja comum a todas as tradições Umbandistas.

Uso de bebidas alcoólicas
Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:
Os em que as entidades incorporadas não usam bebidas (muitas vezes por questão do próprio médium não estar preparado para este tipo de trabalho com bebida) criando uma espécie de tabu.
Os em que elas bebem durante os trabalhos (tanto os que fazem o uso correto deste elemento, como os que abusam disto sem necessidade)
Os que usam bebida em situações mais veladas (existindo um certo rigor quanto a sua utilização buscando coibir abusos de médiuns ainda em preparação)
Toda esta controvérsia é gerada pelo uso que as pessoas fazem das bebidas alcoólicas na vida diária, muitas vezes caindo no vício do alcoolismo, trazendo consequências graves para sua vida material e espiritual. Ocorre que médiuns predispostos ao vício podem, ao invés de atrairem espíritos de luz, afinizarem com espíritos de viciados que já morreram. Note que o álccol é um elemento usado na magia para trabalhos para o bem, mas abusos nunca são tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.

Vestimenta
Na umbanda os médiuns usam como vestimenta apenas roupas brancas e os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade. Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de preta velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos: isso visa proporcionar a que o médium se pareça mais com a entidade que o está incorporando.
Na umbanda original, por exemplo, aquela trazida pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas (incorporado no médium Zélio Fernandino de Moraes), não é comum o uso de fantasias, adornos, enfeites, objetos ou apetrechos brilhantes e coloridos, como se verifica no candomblé ou quimbanda, onde cada qual segue a sua ritualística própria.
Uma outra visão sobre a vestimenta e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.

Hino da Umbanda
Refletiu a luz divina
Em todo o seu esplendor
Vem do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que reflete na terra
Luz que reflete no mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
A Umbanda é paz e amor
Um mundo cheio de luz
É a força que nos dá vida
E à grandeza nos conduz
Avante! Filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá
Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá.
Autor: J. M. Alves - 1960

Quimbanda
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Quimbanda ou Kimbanda é uma das sendas brasileiras de práticas religiosas derivadas dos povos africanos e trazidas pelos escravos negros em cativeiro. Essa linha é a negativa e oposta à doutrina da Umbanda. Alguns praticantes alegam, porém, que ela é complementar e "energeticamente" necessária a Umbanda, o que não tem comprovação prática nem doutrinária.
Etimologia
Em língua kimbundo, “ki” é o prefixo aumentativo de determinadas palavras; Umbanda é uma das artes de curar desenvolvida pelos povos bantu, de Angola. Surge daí Ki-mbanda, que é parte do sistema religioso tradicional de Angola e é exercida por um ki-banda ou seja kimbandeiro, curandeiro.

Prática
A Quimbanda trata especialmente com entidades negativas, como Exu (que não deve ser confudido com o demônio da mitologia cristã, mesmo sendo comparado a Lúcifer devido a sincretismos), pomba-gira, etc. É por tradição proibida a abertura de terreiros de Quimbanda, justamente por ela representar um aspecto da Umbanda oculto, norturno.
Através de métodos de adivinhação ou vatícinio, o ki-mbanda indica as pessoas, causas espirituais ou mágicas das doenças e aconselha o seu afastamento com receitas da mesma ordem, mas não deixa de recorrer a farmácia da natureza. A terapêutica tradicional na ki-mbanda, comporta duas partes ideologicamente distintas: parte sobrenatural e parte farmacológica.

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